A recente constituição de sequências de ADN mitocondrial permite uma regulação mais directa da árvore filogenética humana. Até aqui os cientistas utilizavam dados de ADN para desenvolver “relógios” moleculares que medem a velocidade com que se processam mudanças no ADN, registando, desse modo, o processo cumulativo das mutações e assim investigar as grandes fases evolutivas de uma determinada espécie.
No processo da evolução humana, por exemplo, esses relógios moleculares quando combinados com a evidência fóssil ajudaram a traçar o “horário” cronológico do último ancestral comum de chimpanzés e humanos, momento situado há cerca de 5-7 milhões de anos atrás, e contribuiu também imenso para traçar ou inventariar o rasto do processo de expansão do ser humano a partir de África, que se verificou por volta de há 100.000 anos atrás.
Mas agora, para melhorar a precisão da leitura dos ramos da árvore da vida humana, o grupo de investigadores liderado por Francois Balloux compilou a amostragem de ADN mais abrangente e ao mesmo tempo a mais precisa que foi obtida até ao momento, constituído-se a mesma por mais 140 genomas mitocondriais completos de humanos modernos (incluído o do Homem de Neandertal) entre um conjunto de 320 disponíveis em todo o mundo. O ADN mitocondrial (mtDNA) é um recurso precioso para os cientistas evolucionistas, porque possui uma alta taxa de mutação.
Referência: Adrien Rieux, Anders Eriksson, Mingkun Li, Benjamin Sobkowiak, Lucy A. Weinert,Vera Warmuth, Andres Ruiz-Linares, Andrea Manica, François Balloux Improved Calibration of the Human Mitochondrial Clock Using Ancient Genomes Mol Biol Evol (2014) 31 (10): 2780-2792 doi:10.1093/molbev/msu222