"Homem de Pequim" utilizava o fogo: vestígios sugerem que já aquecia a sua gruta há 750.000 anos

O "Homem de Pequim", descoberto em 1923 em Zhoukoudian, uma localidade situada a sudoeste da atual Pequim, era um antigo ancestral humano que viveu entre 750.000 e 200.000 anos.

FOTO: MAIL ONLINE
Embora considerado um especialista na utilização do fogo não havia provas científicas consistentes que fundamentassem essa teoria.

Mas agora os investigadores têm provas sólidas da utilização do fogo por parte deste antepassado do ser humano. Os dados que provam que o “Homem de Pequim “ já utilizava o fogo surgiram depois de analisar as cinzas provenientes de uma escavação realizada no sítio arqueológico conhecido localmente como 'Dragon Bone Hill'.

Esta é considerada a última peça de um quebra-cabeça que os cientistas têm vindo a colocar ao longo da última década para tentar compreender como era a vida no início do processo de humanização.

Quem é o “Homem de Pequim”?
O “Homem de Pequim” é um antigo ancestral humano pertencente à espécie de Homo Erectus que viveu entre 750.000 e 200.000 anos atrás num território onde hoje se situa a grande metrópole de Pequim. A fim de sobreviver às duras condições meteorológicas de então, teria de ser capaz de criar e gerir o fogo, havendo agora provas científicas mais sólidas para apoiar esta teoria. Também já vestia peles de animais e construía e usava ferramentas de pedra. Embora considerado um especialista na utilização do fogo não havia provas científicas consistentes que fundamentassem essa teoria.

“Os fósseis perdidos”
O cientista sueco Johan Gunnar Andersson e o colega americano Walter W. Granger chegaram a Zhoukoudian em 1921. Após a sua chegada à gruta, Andersson terá proclamado: "Aqui é o local do homem primitivo, agora tudo o que temos a fazer é encontrá-lo." E encontraram! Johan Gunnar Andersson e Walter W. Granger descobriram por essa altura o que se tornaria um dos mais importantes sítios paleontológicos do mundo.

Afirma-se que Anderrson terá encontrado molares humanos no local, embora os seus relatos e os seus resultados tenham sido recebidos com algum ceticismo pelos seus pares em todo o mundo. Conta-se que cerca de 200 fósseis foram recolhidos em Zhoukoudian até 1937, altura em que se processou a invasão japonesa na China e, consequentemente, o fim das escavações arqueológicas. Os fósseis foram colocados no Laboratório do “Peking Union Medical College Research Cenozóico” para serem guardados antes de serem enviados para os EUA em 1941. Mas os fósseis desapareceram de forma inexplicável quando estavam a ser transportados através do norte da China. Ainda hoje não se sabe o que aconteceu com os importantes vestígios arqueológicos do “Homem de Pequim”, supondo-se que foram afundados juntamente com o navio japonês Awa Maru em 1945.

Um financeiro dos EUA, Christopher Janus, apelou em 1972 para serem obtidas informações sobre o paradeiro dos fósseis, prometendo mesmo uma recompensa de US $ 5.000. Uma mulher ainda fez um contacto a exigir US $ 500.000, mas nenhum negócio foi concretizado, nem se chegou a apurar quem era efetivamente essa mulher. O governo chinês também montou um comitê especificamente destinado a localizar os fósseis na altura em que se assinalou o 60 º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Ma os fósseis, até ao momento, ainda não foram localizados.
Recentes dados têm demonstrado que o “Homem de Pequim” vivia no norte da China há cerca de 770 mil anos atrás sob condições climáticas marcadas por um intenso frio. Para sobreviver a estas duríssimas condições meteorológicas teve de ser capaz de criar e fazer a gestão do fogo. Esta era a fundamentação teórica que por volta 1931 tinha sido aceite na comunidade científica, sem qualquer outra prova documental.

Para testar esta hipótese, o arqueólogo Gao Xing, do Instituto de Paleontologia de Vertebrados e Paleoantropologia (IVPP) na China, trabalhou sobre quatro amostras de solo obtidas a partir do sítio onde nos inícios do século XX foram encontrados importantes restos fósseis deste ser.

A sua investigação demonstrou que todas as quatro amostras continham agregados siliciosos, bem como carbono elementar e teor de potássio, alegando que estas análises fornecem evidências "muito fortes" para concluir que o “Homem de Pequim” já utilizava o fogo quotidianamente.

"O ponto-chave do debate sobre o uso intencional de fogo pelo “Pekinensis Homo erectus” em Zhoukoudian reside no agregado silicoso das amostras que recolhemos . O agregado silicosos pertence a uma fase insolúvel de cinzas queimadas e está presente nas amostras que foram recolhidas no local “, disse Gao Xing.


A reescavação do local situado na aldeia de Zhoukoudian, perto de Pequim, desenterrou detalhes fascinantes que comprovam que os nossos antepassados eram mais avançados do que se acreditava anteriormente. O “Homem de Pequim” já estava equipado com o fogo, vestia peles de animais e usava ferramentas de pedra.

Pertencente à espécie do Homo Erectus, o “Homem de Pequim” também já utilizava lanças para a caça. Mas o mais importante de sublinhar é o facto de já ser capaz de unir dois materiais de modo a formar uma ferramenta, salientam os investigadores.

As grutas situadas na aldeia de Zhoukoudian são dos locais arqueológicos mais importantes da China. Aqui, entre 1921 e 1966, os arqueólogos desenterraram milhares de artefactos relacionados com a espécie do Homo Erectus.

Os fósseis originais do “Homem de Pequim” desapareceram em 1941, quando estavam a ser transportados para a América no pico da Segunda Guerra Mundial.

Este artigo foi escrito com base em dados publicados no Jornal Mail Online

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